O homem que esteve com capeta

            


                        Vou relatar uma história da qual sou  testemunha sobre o Banco do Capeta.
             Entre os anos 73 e 76, eu trabalhava na  padaria Rezende “mais conhecida como padaria do Mozar”  eu deveria ter uns 15 anos de idade, e do lado da padaria tinha um bar, ponto de ônibus, só existia uma linha de ônibus que fazia a linha Britânia/Jussara à Goiânia, e vice e versa. Nesta época  a Empresa  era da Aviação Souza, hoje não existe. E saía de Goiânia as 08:00 e chegava em Santa Fé por volta das 17:00 horas.
             Em um dia de quinta feira, numa tarde ensolarada e muito quente, mais ou menos as 5 da tarde, o ônibus chegou de Goiânia trazendo alguns passageiros, e um deles meio perdido, ressabiado e muito desconfiado, foi ate a Padaria, onde eu trabalhava como balconista e me fez muitas perguntas, tomando um café me indagou se tinha pensão, quantos habilitantes, cabaré e se tinha táxi, na cidade, logo percebi que era um aventureiro em busca do banco do capeta, percebendo isso, logo disse pra ele, se ele estava com intenção de ir visitar o banco e ele surpreso com a minha pergunta disse porque você fez esta pergunta? Respondi! È porque muita gente desconhecida como o senhor tem seu destino o banco, ai ele abriu o jogo e confirmou e aproveitou que eu estava sozinho no estabelecimento me fez várias perguntas sobre o banco, fiz um relato geral,  como ir e também falei sobre o ritual e as regras pra conseguir tirar o dinheiro la, e alertei-o que ele deveria ter muita coragem. Daí ele foi ao bar comprou duas garrafas de pinga, cigarro e alguma coisa pra fazer um lanche.
             Dirigiu-se ate o ponto de táxi, era um fusca, um fusca verde do Sr. José Ribeiro “ainda vivo” e o contratou,  programou para sair as 10 horas da noite. O Zé Ribeiro com receio, pois a distancia é de doze quilômetros, chamou o Braz o popular Bugi para ir com ele. Na hora combinada saíram os três com destino ao Banco do Capeta.

            Era eu  que abria a Padaria todos os  dias as 5 da manhã, e me surpreendeu muito ao ver aquele homem, todo rasgado, sujo e muito assustado, tive medo mas, meus colegas estavam trabalhando no fundo fabricando os Pães e quitandas, aproximei, abri a padaria e ele logo adentrou, pediu um café com leite, pedi pra ele esperar um pouco que eu ia preparar, e enquanto preparava ele me relatava o ocorrido, e foi falando, jovem a coisa lá é assustadora, chequei lá, fui pro lugar indicado pelo os rapazes que me levaram, debaixo de uma arvore junto a um buraco mais parecido como uma garganta uma fenda no lajedo, acomodei, fui logo abrindo a garrafa de pinga e encostei na arvore, acendi um cigarro e fiquei esperando, segundo ele com muito medo mas, já tava la e não tinha como voltar pois a noite era muito escura e não sabia o caminho, tomou outro gole de cachaça e continuo a esperar, ele não tinha levado relógio estava perdido no tempo pois, os rituais costumeiramente começam a meia noite . De repente deu uma ventania forte e fria e segundo ele ficou muito assombrado, foi quando adormeceu e teve uma visão, estava em uma cidade muito bonita,  aí apareceu uma limousine preta, para pega-lo, e tomando café continuo o relatando,  segundo ele desceu um motorista do carro e chamou pelo o nome e convidou para adentrar dentro do veiculo, disse que o chefe estava a sua espera. Ele entrou passou por varias boates, cassinos, hotéis muita luz, tudo aquilo pra ele era fantástico, bebendo do bom e do melhor estava ao lado de uma secretaria linda que mostrava a cidade, de repente param enfrente de um Banco, a secretária pegou-o pela a mão e o conduziu ate um escritório muito chique, lá estava dois homens muito bem vestidos esperando-o e logo perguntaram quanto de dinheiro o sr. esta precisando, ele muito emocionado com a situação foi logo dizendo, quero dez metro cúbicos de dinheiro, o gerente explicou que essa quantia era muita alta e precisava de avalista e de meio litro do seu próprio sangue, pois a partir daquele momento sua vida pertencia ao satanás e o avalista era a pessoa que servia como uma promissória, e essa pessoa era a que mais amava, se ele não quisesse entregar seu corpo para o satanás, então era o avalista que ia pro inferno, até chegar a vez dele.



           Aceitou todas determinações dos capetas, então foi assinar o contrato “assinatura com o próprio sangue, assinou todos os papeis, então a secretaria e os dois homens “ o Demônio e o Capeta” levaram-no pra ver o dinheiro que estava em um quarto.
           E  eu abismado com o relato do cidadão, pensava se acreditava ou não mas, eu queria ver o fim da historia e ele continuo relatando, segundo ele, na hora que  viu a quantidade de dinheiro disponível pra ele, ele gritou meu DEUS... estou rico.. muito rico, de repente ele acordou com uma pancada na cabeça, tinha batido com a cabeça na arvore e acordou ficando um caroço “um galo” que tive a oportunidade de ver. Quando ele deu de si, saiu em disparada, era uma noite chuvosa e relampeava muito através dos relâmpagos, ele encontrou a estrada e foi correndo os doze quilômetros em dispara de volta pra Santa Fé, sem olhar pra traz.
           Ele me disse que morava no Paraná e que jamais queria ouvir falar em banco do capeta e nunca ia contar esta historia pra mais ninguém, ele pegou o ônibus e foi embora, nunca mais vi este homem. Ele aparentava uns 45 anos, de boa aparência e muito falante.
           Fui testemunha deste relato de um fanático que não acreditava em Deus, se for verdade ou mentira nunca saberemos mas, o relato foi real.
           Hoje não existe mais o banco, o mato cobriu as gravuras das pedras como vocês podem ver  existe poucos sinais.

Auto: Oldemar José de Moura, Santa Fé de Goias- Janeiro de 2012